31 de julho de 2007

Detector de começo da Silly Season

Quando o jornal Público começa a rimar com coisas sérias...
Veja-se uma das manchetes:

"Homicida de Santa Comba Dão
Condenado a 25 anos de prisão"

Eu sei que homicida e Serial killer não são substantivos que associemos a Santa Comba Dão, ficaria melhor Serial Killer da Buraca, da Amadora, do Seixal... mas, ainda assim, escusavam de fazer uma rima rica!

30 de julho de 2007

Sic, Mentiras e Sócrates

No sábado à tarde, a sic notícias emitiu um documentário interessante sobre as mentiras e a forma de detectar mentirosos, através de trejeitos faciais e body language em geral. Imediatamente a seguir repetiu a entrevista que o Sr José Sócrates dera na véspera à Sic. Resultado: Foi como ter a teoria e depois observar a explicação prática!

26 de julho de 2007

Death Proof

Confesso que estava com medo de não gostar, de passar um mau bocado, como no Lynch... Mas nada disso aconteceu. Tarantino sabe escrever guiões e delicia-se, tanto com as palavras como com a sua desconstrução. Só nos filmes de Tarantino os "low-life" articulam frases coerentes e plenas de inteligência emocional, desde Reservoir Dogs até Death Proof; só nos filmes de Tarantino a morte grotesca se converte em gargalhada! Só o Tarantino consegue ser "nerd" e simultaneamente "fashion"; Só o Tarantino consegue ser demodé e futurista; Só o Tarantino consegue fazer história com filmes esquecidos que venera!
Death Proof é uma ode a um cinema de velocidade, que idolatra carros e motores. O filme tem duas histórias e a segunda é uma "copy paste" da primeira, com um twist final. Na memória ficam referências óbvias e ostensivas para os fãs, como um toque de telemóvel com um tema da banda sonora de Kill Bill e várias revistas com a Kirsten Dunst a publicitar o Marie Antoinette de Coppola. Tudo é excesso: de palavras, de sangue, de música, de velocidade, de cortes propositados de montagem...
Para alegrar ainda mais, vi o filme numa sala Lusomundo, à tarde, sentada à frente de duas pessoas obesas mórbidas que falavam uma língua "de leste" e que íam arrotando e suspirando (dependendo se bebiam mais um trago de pepsi, ou se viam mulheres no ecrã). Foi como se o Homer Simpson, em todo o seu esplendor de alarvidade de sofá, tivesse saído da tela da sala ao lado para se sentar atrás de mim... Foi maravilhoso! Cheguei mesmo a pensar que aquilo também era obra do Tarantino e que por todo o mundo havia sempre, em cada sala, dois actores contratados para fazerem aquele papel.
Inolvidável: O filme e a companhia!

25 de julho de 2007

Memorabilia e Autógrafos

Não gosto de coleccionar coisas, dá muito trabalho e perde-se muito tempo. No entanto, tenho um pequeno espólio de autógrafos:
Saramago , vários, todos "chapa 3" (quem não tem?)
João de Melo (nos devaneios de leituras adolescentes)
Alberto Pimenta (um dos meus mestres que me ofereceu vários livros com dedicatórias personalizadas)
Yvette Centeno (outra Mestre que me dedicou tempo e palavras)
Mia Couto, que conheci e me fez uma dedicatória, também personalizada, na Varanda do Frangipani (mordam-se de inveja, mulheres do mundo!)
Outros autores e cantores menos visíveis.
De Memorabilia:
Um poema inédito de Yvette Centeno, escrito numa folha A4 de papel quadriculado, que comprei num leilão.
E tenho (embora não saiba exactamente onde pára) uma camisa do Shéu autografada pelo próprio no ano em que o Benfica ganhou o Campeonato e a Taça! (Tomem lá, que por esta é que ninguém esperava!)
Continuo a sonhar ter um autógrafo do Tàpies (de preferência sobre tela)
Não tive paciência para esperar numa fila interminável por um autógrafo "standard" do Auster.
Ainda não tenho um autógrafo do Lobo Antunes (estive mesmo, quase, quase, mas a timidez, que teima em perseguir-me nos piores momentos, impediu-me de o maçar com trivialidades mundanas!)
Gostava de ter um autógrafo do Harold Pinter (enquanto ainda respira.)
E pronto já chega de gabarolice: é pouca coisa, mas para mim não é coisa pouca!

Leituras de Verão

Eu juro que gostava de acabar o Choke esta semana, mas é uma leitura que me traz as noites engasgadas. Imaginem um homem que, como modus vivendi, simula experiências de quase morte, por asfixia com comida, com o intuito de conseguir ser salvo por alguém que, a partir de então, se sente responsável pela sua vida e manifesta essa preferência enviando cheques! Depois deste, vou fazer uma pausa em romances estranhos sobre a precaridade da condição humana. Afinal a silly season pede silly books! Aceito sugestões que não incluam a palavra "Harry"!

24 de julho de 2007

A Condoleezza Rice e Eu na A5

Na semana passada fui parada em plena A5, a seguir ao viaduto Duarte Pacheco por dois polícias. Grandes travagens, algum fumo e, de repente, silêncio, muito silêncio! Depois barulho, muito barulho, de um helicóptero quase a rasar as cabeças dos desgraçados que, naquele fim de tarde ameno, tinham saído de descapotável. Finalmente a vertigem, os inúmeros carros blindados, os SUVs, os batedores, tudo muito rápido e cheio de sirenes. Não é preciso ligar o rádio para perceber de imediato que tamanho aparato só pode existir para uma cidadã Americana que, desta vez, veio pela Paz, mas também podia ter vindo pela guerra que a malta é hospitaleira e não se importa dos motivos, gosta é de poder dizer, como eu: Eu estive ao lado da Condoleezza Rice na A5!
Uma vez mais pude comprovar, na Bolsa de Valores da Vida, que um Político Americano faz parar o trânsito, mesmo sendo mulher, mesmo sendo de raça negra! Os outros, os remediados, os Sócrates, Blairs, Cavacos e afins, apesar de serem homens brancos deslocam-se com um carro seguido por outro e dois míseros batedores de mota, na rota Parque das Nações, CCB!

Psychedelic Furs - Ghost In You - Lost in Translation

23 de julho de 2007

I've opened Jane's chest drawer!

Page 967 from the 8th Book (Yet to be published)
And thus I, Jane, the author of these shitty books that I've started writing in Oporto, enter this definitive final book (after the final book) and tell the narrator: "Harry must die!" (the little sod is killing me, I need a life, now that I have the money) "Die you bastard, die, die!" And those of you readers who haven't figured it out yet, I simply added Lord of the Rings, bits and pieces of Alice, a lot of Star Wars, put it in the blender and cooked Harry for Seven Books! After all I'm a mum and a housewife! That's the recipe for the Enid Blyton of the 21st Century. Now, please, do piss off!

20 de julho de 2007

Antes que chegue a Meia-Noite....

Dobby dies on page 476, his last words are “Harry…Potter…”
Snape dies on page 658, his last words are “Look…at…me…”
Curiosity killed the blogger!

Naifas, Polícias e Hospitais

O título promete, mas não esperem muito...
Ontem esfaqueei-me, automutilei-me, pronto, digamos que me cortei com uma faca!
Nestas coisas da vida de maior com dependentes a cargo, há que esperar por baby-sitting até para ir ao hospital! Passados 50 minutos consegui ir ao Centro de saúde que já estava fechado. Próxima etapa, Hospital. Depois dos preâmbulos normais da triagem lá fui para a pequena cirurgia (pequeníssima pois foram só dois pontinhos). O problema foi o polícia que não me deixava em paz, se calhar por causa da toalha cheia de sangue e por não ter acompanhante (coisa que pelos vistos é muito estranha, por estes lados) e teimava em perguntar se era eu a vítima de violência doméstica! Da primeira vez ainda pensei, "sim sou, é uma violência doméstica estar calmamente a fazer o jantar e enfiar uma faca na mão!" A seguir veio outro agente, perguntando se era eu a vítima da agressão! Expliquei que era apenas vítima da auto-agressão. Acho que ficaram desconfiados...
Já perto de sair da pequena cirurgia entra um homem com o braço cortado do ombro ao pulso (osso à vista!) a quem esperava por certo uma grande cirurgia plástica de reconstituição. O polícia deixa-me e vai interrogá-lo. A história: "Tinha sido assaltado e a fugir rasgara o braço numa vedação!" O polícia nem pestanejou e engoliu a história toda. Eu pensava que os assaltantes é que fugiam depois do gamanço! Afinal ficam quietinhos à espera que os assaltados se retirem! Comentário do médico interno: "Você anda mesmo em maré de azar, ainda a semana passada foi assaltado e esfaqueado nas costas!"
Moral da história:
Para os agentes uma mulher que se corta e vai sozinha para o hospital é uma potencial vítima, um homem que é assaltado duas vezes em duas semanas e aparece no banco de urgências porque se "magoou" na fuga é perfeitamente normal! Da próxima vez que me cortar levo uma história melhor engendrada e um acompanhante para não levantar suspeitas!

18 de julho de 2007

A Noite Passada...

A noite passada sonhei que as personagens que existem na blogesfera e escrevem comentários no meu blogue eram reais e tinham vindo ter comigo!

17 de julho de 2007

Romeu e Julieta e as Pizzas

Mais logo, no D. Maria II, integrado no Festival de Teatro de Almada, sobe ao palco o Romeo and Juliet de Shakespeare numa produção do Oskaro Korsunovo Teatras. A história é a mesma de sempre, mas agora as famílas pertencem a pizzarias rivais. Depois da versão para cinema do australiano Baz Lurhmann na Venice Beach, uma outra forma de olhar para o texto isabelino. O desfecho, já sabemos, é trágico! (Mas será que, nesta produção, Julieta come pizza envenenada?)

15 de julho de 2007

Reciclar, reciclar, reciclar

O site do Intituto Português de Meteorologia mudou de endereço. Como está nos meus favoritos, na pasta tempo que inclui o site homólogo britânico e espanhol, o weather.com e o Euronews weather, tive de substituir o endereço anterior. O site português dizia somente Portugal, por isso quando o apaguei surgiu a mensagem:
"Tem a certeza que quer enviar Portugal para a reciclagem?"
Nem pestanejei e percebi que o Bill Gates é mesmo um visionário. Pudesse o meu clicar no OK resolver o problema da nação! Já agora, se tivesse de escolher punha parte do Norte e Beiras no vidrão, o Centro no Plástico, o Alentejo no orgânico e Sul no papelão. Guardava o Pilhão para o arquipélago da Madeira e o oleão para os Açores.

12 de julho de 2007

Placards de Autoestrada

Quarta-feira, 13h 05, 37 graus, A6, entre Vendas Novas e Montemor (sentido Lisboa -Elvas) surge algo no placard electrónico (Momento raro e de beleza transcendente pois nunca há nada a relatar nestas estrada, exceptuando um "Nevoeiro, conduza com precaução" que ninguém consegue ler pois não se vê sequer o nariz). Diz então este placard: "Atenção. Animal a 12km, conduza com cuidado". Começo a pensar: será que o animal está morto? (Se sabem com tanto detalhe que está a 12kms é porque está imóvel.) Que animal será? Uma girafa fugida do Badoca, em busca de uma amiga espanhola? Um Tigre enfastiado que saltou as grades? Uma vaca ou um porco de uma Herdade? (Ainda o ano passado se "perderam" uns porcos biológicos no sentido oposto) Ou simplesmente um porcalhão que cuspiu pela janela e levou com um mosquito pelos olhos dentro e se despistou? Fiquei curiosa, confesso que acelerei, cuidadosamente, para avançar rapidamente 12 kms.
Frustração, passo a área de serviço de Évora e nada. Fico desiludida, mas aliviada. Conheço três pessoas diferentes que se cruzaram com 3 vacas diferentes nesta autoestrada. Duas delas (uma pessoa e uma vaca) tiveram um acidente grave (hospital para a pessoa, abate para a vaca).
Será que a margem sul é mesmo o deserto? Quando os placards apenas trabalham para avisar da presença de animais, dá que pensar... Mas não, no deserto não há vacas!
Depois, para me entreter, estive a meditar em slogans para dar uso aos placards que não têm nada para dizer. O melhor que me ocorreu foi:
"Cuidado, perigo de aparição a 15 kms! Conduza com o Credo na Boca" (A1, perto da saída de Fátima)
Podem acrescentar mais!

10 de julho de 2007

Tom Waits and Bono recite Bukowski

9 de julho de 2007

Encosta-te a Mim

Montes de Amigos encostados ao Palma, um tema novo que apetece ouvir

8 de julho de 2007

SIZWE BANZI EST MORT

Encenação de Peter Brook, inserida no Festival de Almada. O Espaço Vazio de Brook está mais repleto do que nunca. Saí retemperada, com o ânimo novo e esqueci, por um par de horas, que os meus tempos de lazer giram, na maior parte das vezes, em redor de programas para menores de 12 anos. Agora quero ir ao Maria Matos ver o que os escritores eleitos deste ano têm de urgente para me dizer.

7 de julho de 2007

Uma excelente motivo para se ser pobre:

Ao morrer os pobres têm menos a perder!

6 de julho de 2007

Não obrigada, já dei!

Não há volta a dar. Por onde quer que ande há alguém que quer qualquer coisa. À saída do supermercado querem que eu contribua para ajudar as crianças ou famílias, com deficiências, ou sem casa, ou sem comida, ou com doenças graves. No parque de estacionamento, surge um homem engravatado, sabe-se lá de onde (qual deserto marroquino em que atrás de cada duna há um vendedor de alguma coisa) e tenta vender-me uns jogos didácticos para as minhas crianças. Digo-lhe que não tenho filhos e fico a pensar que a mentira é má, pois o banco de trás do carro em que estou sentada desmente por completo a afirmação! Saio finalmente do estacionamento e tropeço numa senhora com um filho ranhoso ao colo que quer que lhe compre pensos, ou o Borda de Água. Arranco sem abrir a janela! Nova paragem, nova investida: Desta vez é a revista Cais. Como fazer as pessoas compreender que já comprámos esse número? Depois são os bombeiros, os amigos dos animais, os escoteiros, os da abraço, os do cancro, os da fibromialgia, os do coração, os da esclerose, os do alzheimer, os do apoio à vítima, os com lúpus, os..... Chego a casa e vejo o correio: Amnistia Internacional, AMI, cartões de Natal pintados com os pés e a boca e mais 23 ONGs que precisam da minha ajuda já... Abro finalmente a porta de casa, entro no meu mundo suburbano, atiro com tudo o que carrego para o chão e vou directa à prateleira do escritório. Pego nervosa no livro e encontro o trecho que procuro:

No primeiro semáforo já não tenho trocos. No segundo já não tenho casaco. No terceiro não tenho sapatos. No quinto estou todo nu. No sexto já dei o Volkswagen. No sétimo aguardo que a luz passe a encarnado para assaltar por meu turno, de mistura com uma multidão de bombeiros, de estudantes, de drogados e de microcefálicos o primeiro automóvel que aparece. Em média mudo cinco vezes de vestimenta e de carro até chegar ao meu destino, e quando chego, ao volante de um camião TIR, a dançar numas calças enormes, os meus amigos queixam-se de eu não ser pontual. (1)

Respiro fundo e penso que alguém já falou nisto melhor do que eu. Logo o homem que muita gente acusa de ser imperceptível! Depois penso que hoje, dia 6 de Julho de 2007, faz 100 anos que nasceu Frieda Kahlo que transformou a adversidade, a doença e a depressão em arte...

(1) António Lobo Antunes, Livro de Crónicas, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1998, p. 22

4 de julho de 2007

Outra Forma de ser Independente

Pensamento do dia:
Ainda bem que não nasci na América!

3 de julho de 2007

Hoje

Foi mais um daqueles dias em que não se passou nada, a não ser o dia. (Reticências. Pausa. Silêncio). Ainda estou a ressacar do festival do Noddy, é o que é!