31 de outubro de 2006

Halloween Tale! (by Tim Burton)



Now I know what it feels like...

I was the Queen
I felt the sting!

30 de outubro de 2006

Bookmarking the Day!




(Detalhe de técnica mista sobre tela de Pedro Trindade)

29 de outubro de 2006

Silence

Around me sits the night. Such a silence. I can hear myself.
Cup my ear. My heart beats in my ear. Such a silence.
Is it me? Am I silent or speaking? How can I know?
Can I know such things? No‑one has ever told me.
I need to be told things.

Harold Pinter, Silence

26 de outubro de 2006

Bolos e Manolos!



Quem espreita este blog, de vez em quando, já deve ter percebido que sou fã de Sofia Coppola. Apesar disso, foi com um entusiasmo comedido que fui ver o Marie Antoinette. Não costumo apreciar incondicionalmente os chamados filmes de época, mas esta visão biográfica de alguns anos da vida da Rainha de França, feita a partir de um livro escrito pela Antonia Fraser que, além de ser uma óptima historiadora, é casada com Harold Pinter (o Nobel da Literatura do ano passado) à mistura com uma banda sonora pop rock e footage exclusiva do Palácio e dos Jardins de Versailles (que estão a usar a exorbitância paga pelos Coppola para fazer obras de conservação e assim calar franceses mais cépticos que não vão em americanices) foram mais do que argumentos suficientes para enfrentar a Unidade de Cuidados Intensivos do El Corte Inglés, a um Sábado à noite.
Se o tópico e a época são absolutamente distintos dos filmes anteriores, o olhar contemplativo da câmara mantém-se. O importante não é tanto contar uma história, antes vê-la ser desfiada, sem pressas, ante os nossos olhos. Mesmo quando o ritmo e a banda sonora são alucinantes, para retratar os excessos da vida na corte, em termos de enredo e de progressão nada se passa: Comem-se mais uns doces, experimentam-se mais uns vestidos, bebe-se mais uma taça de champagne... E é isso que eu gosto na Sofia Coppola: o facto de não ter de se passar nada de especial para nos prender a atenção.
Se em Virgins Suicides o excesso era a morte trágica das filhas do casal Lisbon e em Lost in Translation, a vertiginosa Tóquio fazia o contraponto emocional da paralisia forçada das personagens acorrentadas ao desencanto, Marie Antoinette é o excesso de tudo, sem tragédia, apenas a imagem final de uma rainha silenciosa - e silenciada pela revolta popular - que se despede, pela última vez, das árvores do Jardins de Versailles.
É isso e bolos: os confeccionados pela parisiense La Maison Ladurée e a comida concebida por um chef especialista em comida do Século XVIII.
É isso e sapatos: belíssimos - apenas "interrompidos" num breve plano, por um par de All Star - criados propositadamente por Manolo Blahnik que encontrou sedas e materiais semelhantes aos usados no Século XVIII e os tingiu de rosa, verde e azul pálido.
E, já agora, o guarda-roupa criado por Milena Canonero (premiada com dois óscares e, seguramente, à espera do terceiro) que só para a magnífica Kirsten Dunst concebeu 95 vestidos.
E, para terminar, as jóias de assinatura Dior.
Marie Antoinette foi guilhotinada, sem jóias ao pescoço, aos 37 anos;
Sofia Coppola tem 35.
É a idade perfeita para menos bolos e mais Manolos!

25 de outubro de 2006

Aforisma Caseiro

O problema não é viver com a mentira, é sobreviver à sua descoberta!

24 de outubro de 2006

Haja Cultura!

Mais Logo, pelas 22h 30, na RTP1, é transmitido um documentário que adivinho imperdível: O Portugal de... Alberto Pimenta - Poeta, ensaísta, performista, professor, diletante e tantos outros adjectivos para um homem que vale a pena escutar. Desde as noites da Má-Língua que Alberto Pimenta estava afastado do ecrã; Recentemente esteve no programa da Paula Moura Pinheiro, agora surge este documentário. Agradeço à RTP mais uma oportunidade para rever outro dos meus Mestres!

20 de outubro de 2006

Ontem não te vi em Babilónia

"Uma noite ninguém dorme, e durante a meia-noite a as cinco da manhã, as pessoas sonham acordadas no sono: contam e inventam as suas vidas e as suas histórias, ou as histórias em que transformam as suas vidas, ou as vidas que transformaram em histórias. Podem ser vidas cruéis, de medo, de uma cicatriz interior, de algo que talvez fosse o Estado português de outros tempos. Podem ser vidas de amores passados, de lápides varridas, de um desejo de uma vida inteira, de se poder ser feliz sem pensar. Nestas histórias, nestes silêncios destas falas, nos risos e nas traições, vamos identificando a noite de um país, a noite cheia de vozes de todos nós, e a noite silenciosa que é o isolamento de cada um. Como diz o autor - “porque aquilo que escrevo poder ler-se no escuro”

Este é o texto de apresentação do novo romance de Lobo Antunes que a Fnac promete editar dia 24 e cujo lançamento está agendado para dia 26, às 18h30, no Teatro Maria Matos.

Ao ler a definição das noites de insónias e de silêncios povoados de histórias, lembrei-me imediatamente de O Marinheiro de Pessoa e já estou a antecipar o prazer de descobrir se estas intertextualidades têm razão de ser.

Sim, confesso, dia 24, às 10 h, vou comprar o livro, porque sou uma grande "groupie" do Lobo Antunes e porque ando desconfiada (já há muitos livros) que também ele sabe bem que o resto é silêncio.

18 de outubro de 2006

Pilates, Yoga, Tai Chi, Chi Kung e outras orientalidades

As modalidades mencionadas visam o controlo da mente sobre o corpo, o equilíbrio dos fluxos de energia, o redimensionar da matriz interna que nos conduz ao bem estar e ao relaxamento.
Não sei se é por já meditar muito nos meus silêncios interiores, mas a ideia de partilhar energia, fluxos e silêncios, com um bando de desconhecidos, num estúdio de ginásio, ouvindo palavras como "sorriso", "vitalidade", "energia", "concentração", deixa-me estarrecida, quase à beira de um ataque de nervos.
Dou comigo a olhar para o relógio - unicamente para constatar que ainda só passaram 3 minutos de libertar de tensões - e a equacionar a possibilidade de encenar uma desculpa para sair de mansinho.
Acabou-se!
Chega de dar o benefício da dúvida e acreditar que, tal como a coca-cola, "primeiro estranha-se, depois entranha-se"!
De agora em diante, fico-me pelas leituras orientais, pelo sushi e sashimi, pela música e pelos mini-jardins zen, mas não me peçam para dar abraços à arvore, nem alinhar partes do corpo sacro-qualquer coisa.
Eu quero é música rápida, coreografias complicadas e o esvaziar da mente através de dores musculares e transpiração, uma vez que grande parte do meu dia já é feito de silêncio e meditação.

16 de outubro de 2006

DAYS


What are days for?
Days are where we live.
They come, they wake us
Time and time over.
They are to be happy in:
Where can we live but days?
Ah, solving that question
Brings the priest and the doctor
In their long coats
Running over the fields.
(Days; Philip Larkin)

15 de outubro de 2006

Grandes Portugueses!

Estreia hoje, na RTP 1, com pompa e circunstância, um programa destinado a eleger o Melhor, o Maior, o Grande Português de todos os tempos. A formato foi importado do Reino Unido, e já fez sucesso em França e na Alemanha.
A RTP disponibiliza uma lista de sugestões no site para ajudar à escolha dos 200 melhores, que se converterão nos 10 Maiores.
Tenho alguma curiosidade em averiguar se o Salazar vai ganhar ao Cavaco; Se o Guterres vai passar o Durão; se a Catarina Eufémia vai ultrapassar o Duarte Pacheco; Se o Belmiro de Azevedo vai ultrapassar o António Champalimaud; Porém, o Mourinho e alguns dos maiores descobridores deviam ser desqualificados, pois, de acordo com o regulamento do concurso, os candidatos têm de ter passado grande parte da sua vida em território nacional!
E, já agora, se houvesse um concurso para os Piores Portugueses de Sempre? Estive a consultar a lista de sugestões dos melhores e encontrei lá fortes candidatos para a lista dos piores.

12 de outubro de 2006

Nobel Literatura 2006: Orhan Pamuk (Turquia; b: 07/06/1952)


A Academia Sueca anunciou hoje o sucessor de Harold Pinter: Orhan Pamuk, que, segundo o porta-voz da Academia, "na demanda pela alma melancólica da sua cidade natal, descobriu novos símbolos para o choque e entrelaçar de culturas."
A Editorial Presença tem dois livros traduzidos: Os Jardins da Memória e A Cidadela Branca.

9 de outubro de 2006

The Brooklyn Follies



E se, de repente, um livro do Paul Auster tivesse um final aberto, mas satisfatório (ainda que triste, numa perspectiva global)? Daqueles que nos deixam a pensar que, finalmente, há um propósito na linha discursiva que não seja a deambulação eterna da personagem principal, nas ruas de Nova Iorque, à mercê do destino?
Parece mentira?!
- E é! Puro engano!
Em The Brooklyn Follies, Auster vai um passo à frente do leitor, incorpora a sua geografia e biografia privadas com os males da América contemporânea – com o “embuste Bush” (é verdade, são sinónimos) da fabricada vitória florida e o 11 de Setembro.
Estes fragmentos de realidade conferem credibilidade à demanda de Nathan Glass, personagem recém-regressada à Brooklyn da infância, preparado para nada de especial, que contudo, por força das circunstâncias, se reinventa, num período da vida em que a reforma, o afastamento da família e uma doença quase terminal apontavam para o exílio solitário.
Como num jogo de escondidas, Nathan Glass chega e salva todos (as personagens deste livro e os perdidos dos anteriores, o que ficou na cave, os que deixaram tudo por uma obsessão, os que se perderam da vida, os que perderam uma hipótese de amar…). Salva todos, antes do seu momento de epifania privado, perdido numa cama de hospital, em que finalmente apreende que não há nada a salvar, pois inevitavelmente tudo acaba. Porém, The Brooklyn Follies não é só mais do mesmo, é outra coisa, é um Auster mais cinquentão, mais atento e participativo, mais pai e amigo, mais capaz de humor corrosivo, porém com uma lágrima ao canto do olho.
Nathan simboliza o último fôlego, a capacidade de regeneração, a procura pela felicidade através de expressões de altruísmo; O seu projecto de escrever um livro sobre as Follies (loucuras, folias e bizarrias) humanas, concretiza a essência das intertextualidades casuais que povoam a sua e as nossas vidas.
A acrescentar a isto há sexo homo, hetero e bissexual; Um sobrinho obeso perito em curiosidades literárias, que abandona um futuro académico brilhante; Uma sobrinha ex-artista porno transformada em mulher de um devoto fanático religioso ex-tóxico-dependente; Um dono de uma livraria com um passado obscuro; Uma sobrinha-neta, de nove anos, capaz de votos de silêncio; O "Hotel Existence" (espaço onírico e utópico) e muitas outras loucuras.
The Brooklyn Follies é um livro sobre a memória de histórias, curiosidades e adivinhas passadas numa cidade de vidro – como o apelido da personagem – frágil e perecível metaforica e literalmente, com a queda das torres (de vidro) gémeas.
A última frase do penúltimo capítulo afirma:
One should never underestimate the power of books (p.302)
Acredito que esta tenha sido a intenção do autor ao escrever este texto: mostrar como um simples evento – o atentado de 11 de Setembro – pode mudar a arquitectura de uma cidade e remodelar o desdém, transformando cidadãos indiferentes do mundo em pessoas mais receptivas à vida.
Em suma, penso que Auster sabe que “o resto é silêncio”, mas isso não o impede de acreditar que, enquanto por cá andamos, o melhor é ir gastando palavras e afectos.
Paul Auster: The Brooklyn Follies, Faber and Faber, London, 2006 (paperback edition)
O mais recente livro de Auster, Travels in The Scriptorium, apareceu nas livrarias inglesas dia 5 de Outubro, em edição em capa dura. (mais detalhes, quando houver edição em capa mole)

Let the Children Fly!

A campanha do MAI para a prevenção Rodoviária não podia ser pior:
Nas estradas portuguesa morrem por ano um avião cheio de crianças (parece que é um Airbus, vá lá, podia ser pior...)
Os pais deste país, com défice de atenção provocado, naturalmente, por serem pais e já não conseguirem ouvir nada, para além dos gritos e birras da progenitura, olham para o anúncio e guardam nos subconscientes fracos, que ainda lhes restam, que um avião cheio de crianças cai, logo o melhor é ir de carro nas próximas férias!
Eu sei que este blog é visitado por publicitários por isso vos peço: Alguém me pode explicar aquele anúncio? Foi pro bono ou a empresa estava a fazer saldos?
Estou a par da controvérsia que o anúncio tem gerado e das opiniões que defendem que as pessoas não são tontas e percebem a mensagem e que a ideia é ser algo forte... Ainda assim, continuo a discordar. Talvez aceitasse se no final, antes do logo do MAI, acrescentassem "Nenhum avião foi molestado, ou caiu durante a gravação do anúncio", pelo menos havia uma catarse humorística!

5 de outubro de 2006

Breakfast at Tiffany's


Por onde começar? Capote, Hepburn, ou Mancini?

3 de outubro de 2006

Six Feet Under à Portuguesa



Circunstâncias infelizes fizeram com que tomasse conhecimento com o "modus operandi" da Servilusa, uma agência funerária que aglutinou a maior parte das agências tradicionais da nossa terra (incluindo a histórica agência Barata de Campo de Ourique).
Na época onde se tenta instituir o conceito de hiper da morte, com os produtos das exéquias à venda, alinhados cromaticamente por prateleiras, e onde o acto de morrer está cada vez mais distante e mais acolchoado por opções de consumo, a agência em questão aposta no profissionalismo e, para além de preços que arrasam a concorrência dos "irmãos Fisher" nacionais, disponibilizam serviços que primam pela eficácia e discrição, a saber:
Catering gratuito de bebidas quentes e de sopa;
Caixas de lenços espalhadas estrategicamente;
Equipa jovem que substituiu o fato com gravata preta, por um uniforme estilo empregado de hotel, com casaco, em tons cinza e com botões de metal até ao colarinho.
A morte é um acto silencioso e a função das agências é serem discretas e eficientes. Esta empresa vai mais longe, trata a morte como um pacote de agência de (DERRADEIRA) viagem. Não sei que outros serviços oferecem, mas imagino que até possam fazer vídeos e fotos a pedido. Não sei se diminuem a dor, não sei se conseguem passar à frente nos horários de marcação dos enterros nos cemitérios; Em suma, não sei se esta forma de despedida, antes do silêncio final, me agrada... Porém, reconheço que até a morte precisa de planeamento e as funerárias, enquanto prestadoras de serviços, são empresas que organizam eventos indesejados e tristes, porém incontornáveis.
Na tradição cristã, a morte é uma celebração, uma passagem para a vida eterna, em que se “descansará em paz”, num sono eterno – o que explica que o poeta Eugénio de Andrade tenha deixado instruções para ser enterrado de pijama.
Fico a pensar se os chás, os cafés, as sopas e os lenços nos ajudam, nos apaziguam as despedidas, ou nos “americanizam” ainda mais e nos distanciam do momento, com adereços convincentes!
Não resisti a visitar o site e após consulta dos serviços oferecidos, com ofertas promocionais de coroas grátis, não tenho dúvida que os Fisher portugueses têm mesmo os dias contados e que muito provavelmente irão chamar a Servilusa para os enterrar!