Na República de Platão explicam-se os motivos que levaram o poeta a ser expulso da cidade: na sua singularidade, o poeta imitador era nefasto para o avanço político, tornara-se um empecilho ao pragmatismo e às condicionantes do estado. Lembro-me disto a propósito de Barak Obama que tem poemas publicados e que ontem, na sua primeira entrevista televisiva após ter sido eleito, reitera a sua vontade de fechar Guantanamo e retirar as tropas do Iraque. Será que este poeta político contemporâneo se vai safar? Ainda a propósito de Obama leio um texto de Mia Couto, que finda a emoção emergente do post-vitória, equaciona a dimensão que teria a eleição de um presidente branco, num país africano de maioria negra. Dá que pensar...
Será que a mudança para os Estados Unidos vem aí? Que afinal é possível governar com razão e emoção? Será que é possível ser-se presidente com alma de poeta?
Por cá precisamos de uma oposição, não importa a raça, o género, a orientação sexual, política e religiosa... estamos mesmo dispostos a tudo, desde que saibam fazer oposição!