11 de julho de 2008

Bloody Mary!

Na 3a feira à noite voei para Londres; Na 4a de madrugada para Aberdeen; Na 5a de noite voei de volta para Londres; Na sexta de madrugada regressei a Lisboa. Tudo somado, foram duas noites no aeroporto e outra no albergue da juventude de Aberdeen e... (inacreditavelmente) sobrevivi: às noites no aeroporto, à chuva torrencial, com ventos fortes e frio de Aberdeen e a um congresso insípido onde a minha apresentação sobre Lobo Antunes foi colocada num painel com autores de traumas do holocausto. Perguntam: O que têm a Guerra Colonial e Lobo Antunes em comum com as vítimas do holocausto nazi? Vou tentar uma resposta: São todos seres humanos..? (menos o Hitler claro, que este blog não se mete em confusões)
O que perdi em horas de sono e viagens, ganhei em leituras:
Nenhum Olhar de José Luís Peixoto acompanhou-me bem na 1a noite em claro. (Aposto que nunca um livro da biblioteca municipal viajou tanto) Fiquei com vontade de ler todos os seus livros, sobretudo Cal (o último), Cemitério de Pianos e Morreste-me
Na noite de ontem, passada outra vez em claro, no aeroporto fantasma de Luton ainda me ri com o Stephen Clarke e mais um livro da série Merde, desta vez, Merde Happens, sobre a road trip nos EUA do protagonista Paul West, num Mini com a Union Jack pintada no tejadilho.
Para terminar, decidi começar o recém-comprado Bit of a Blur, the autobiography, de Alex James, o baixista dos Blur, um livro que me está a agradar imenso (se calhar porque tenho um fraco por baixistas).
Fiquei com pena de não ter comprado e lido os dois livros do Ewan McGregor (o único escocês, juntamente com o Irvine Welsh que me faz conceder ao país o benefício da dúvida e me deixa a pensar no mito do kilt) e do Charley Boorman, A Long Way Round e A Long Way Down, especialmente este último, que fala da viagem de mota desde a Escócia até à Africa do Sul. Ainda li os primeiros capítulos, que me aconchegaram os olhos num"Costa" dentro de uma Waterstone, mas ficaram na sua terra, pois quem viaja sem mala de porão tem de ser comedido.
Ah é verdade, Aberdeen é uma cidade bela, como toda a Escócia, muito verde, cheia de ovelhinhas daquelas repletas de pelinho, tem bom whiskey de malte e é inacreditavelmente BORING. Estar ali, junto ao mar do Norte, a pouca distância da Noruega, de gabardine, panamá impermeável, perdida numa terra cheia de histórias de escoceses fustigados e reprimidos pelo jugo inglês a cada esquina, em cada monumento e apeadeiro é extenuante, por isso venha daí mais um Bloody Mary e faço um longo CHEERS para comemorar o regresso ao sul!
PS: Ainda impreganada de fúria devoradora de letras, fui à Biblioteca devolver o José Luís Peixoto e trouxe o Pedro Paixão, o Jacinto Lucas Pires e o Gonçalo M Tavares para me aportuguesar ainda mais!

3 comentários:

Anónimo disse...

Depois de ter estado na Escócia não posso concordar menos contigo, Cuga. Não estive em Aberdeen, deve ser por isso. Seguramente falhaste o mais bonito e mais cosmopolita e o mau tempo tb não ajuda...

Bem, mas tudo isso é a paga por teres ido falar sobre Lobo Antunes!...

Carla Ferreira de Castro disse...

Aberdeen tem uma banda sonora prórpia - as gaivotas que estão em todo lado a guinchar!!! Foi com pena que não embarquei para Edimburgo ou Glasgow, mas lá chegarei. Para a próxima levo-lhes outro autor mais famoso como o Camões para ver se a coisa pega!

Anónimo disse...

Fazes bem, Edinburgh e Glasgow são demais!

Ainda por cima são um povo cheio de piada e tu foste falar-lhes de Lobo Antunes?? Alguém percebeu alguma coisa??? "Olha, lá vem aquela falar dum gajo qualquer português, maluco dos cornos..."