Às vezes me espanto, outras me envergonho
A facilidade com que a população transforma meros cidadãos, conhecidos ou anónimos, em belas ou bestas, dependendo do teor da notícia, é alarmante porque repetitiva. Seria fácil dizer que a culpa é da forma acrítica como engolimos tudo o que lemos ou ouvimos, o "diz que", "parece que", mas eu acho que não. A culpa é desta ingenuidade nata que a maioria das pessoas tem em querer acreditar nas palavras alheias.
Como a credulidade é um desporto nacional é fácil entronizar certas figuras. Exemplos da ordem do dia:
- A Diana de Gales que coitadinha já casou a ser "encornada" pelo marido
- A mãe da Maddie que vive em profundo desespero apenas mitigado pelas demonstrações de solidariedade da população de Lagos e do mundo, amplamente manifestadas com oferendas e lágrimas!
Depois, quando certas notícias vêm a lume, a única solução para se combater a raiva de se ter acreditado em alguém que nunca conhecemos realmente, é vaiar na praça pública para exorcizar a culpa de tanta crença. E de bela se passa a besta:
Afinal a Diana era uma doidivanas que morreu com um homem, alegadamente namorado, estando grávida de outro e a mãe da Maddie é uma potencial suspeita, vaiada à porta da esquadra de Portimão pelas mesmas pessoas que rezaram a seu lado nas missas dos últimos cento e muitos dias.
A verdade é que não conhecemos essas pessoas e se até os conhecidos nos surpreendem, o que dizer dos desconhecidos ilustres que povoam as capas de revistas ou tablóides e preenchem os horários nobres do telejornal?
Às vezes me espanto, outras me envergonho disse Sá de Miranda que viveu nos séculos XV e XVI. Eu, neste século XXI, já não sei se me hei-de espantar ou apenas envergonhar...
Como a credulidade é um desporto nacional é fácil entronizar certas figuras. Exemplos da ordem do dia:
- A Diana de Gales que coitadinha já casou a ser "encornada" pelo marido
- A mãe da Maddie que vive em profundo desespero apenas mitigado pelas demonstrações de solidariedade da população de Lagos e do mundo, amplamente manifestadas com oferendas e lágrimas!
Depois, quando certas notícias vêm a lume, a única solução para se combater a raiva de se ter acreditado em alguém que nunca conhecemos realmente, é vaiar na praça pública para exorcizar a culpa de tanta crença. E de bela se passa a besta:
Afinal a Diana era uma doidivanas que morreu com um homem, alegadamente namorado, estando grávida de outro e a mãe da Maddie é uma potencial suspeita, vaiada à porta da esquadra de Portimão pelas mesmas pessoas que rezaram a seu lado nas missas dos últimos cento e muitos dias.
A verdade é que não conhecemos essas pessoas e se até os conhecidos nos surpreendem, o que dizer dos desconhecidos ilustres que povoam as capas de revistas ou tablóides e preenchem os horários nobres do telejornal?
Às vezes me espanto, outras me envergonho disse Sá de Miranda que viveu nos séculos XV e XVI. Eu, neste século XXI, já não sei se me hei-de espantar ou apenas envergonhar...
7 comentários:
O pior da morte da Diana, é a musica do Elton John...
O pior do caso da Maddie é que agora o turismo no Algarve ainda tem mais um atractivo...
O pior das pessoas é que são voláteis como gasolina, o que num dia põem num pedestal por necessidade de ídolos, no dia a seguir empurram do mesmo, por gosto em sacrifícios...
@ Mak: O meu único consolo é que o mal não é só nosso. Basta ler as Bacantes do Euripides para perceber que o poder dos grupos raivosos é feroz e paralisa a vontade do indivíduo. É por isso que não vou à bola!
No que me recordo das minhas aulas de Psicologia Social, está cientificamente provado que as multidões são básicas em termos de raciocínios e formas de exprimir emoções...
Por isso, bola, comícios and soi on, sofre tudo do mesmo...
Para mim, o Pavarotti morreu devido a uma indigestão provocada por ter ingerido o cadáver da Maddie.
Cuga afirmou: "Basta ler as Bacantes do Euripides para perceber que o poder dos grupos raivosos é feroz e paralisa a vontade do indivíduo." ou por outras palavras: "Nunca substimes o poder de pessoas estúpidas reunidas em largo número"
Não Kinder o que eu queria dizer era: "Festa do Avante Nunca, obrigada!" mas não divulgues, ok? Welcome back!
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